COOMAC busca apoio para IG da farinha

 

A intensidade e crocância da farinha produzida em Bragança já é culturalmente destacada em território regional, mas o selo de Indicação Geográfica (IG) pode contribuir para ampliar esse reconhecimento em todo o mundo. Quatro cooperativas do município estão se mobilizando com esta finalidade. Na última segunda, a diretoria da Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares dos Caetés (COOMAC) se reuniu com o presidente do Sistema OCB/PA para obter o apoio institucional da entidade.

 

A fama da farinha bragantina começou pelos idos de 1900, quando uma estrada de ferro cortou os 222 km que separam o nordeste paraense de Belém. A capital passou a ser abastecida com a farinha da região, já intensa produtora. Confiável, sempre bem torrada, saborosa, sem bagaço, conquistou os paraenses. A ferrovia foi desativada em 1965, mas a tradição herdada dos índios tupinambás seguiu ganhando força e, hoje, a região se prepara para pleitear o selo de indicação geográfica para a farinha.

 

O grupo de trabalho envolve produtores locais, as prefeituras e instituições de fomento que se preparam para entrar com o pedido de Indicação de Procedência (IP), um atestado de garantia de origem do produto, protegendo consumidores e agricultores de fraudes. Compõem o Conselho Regulador a COOMAC como preponente da indicação geográfica, além da COMAR de Santa Luzia, COOPERAGRO de Augusto Correa e COOPAVISEU de Viseu.

 

Participaram da reunião o coordenador especial do GP e cooperado da COOMAC, Geovani Martins, o presidente da COOMAC, Roberto do Carmo e a tesoureira Cleia Borges. “Na oportunidade, viemos buscar a parceria da OCB/PA dentro do projeto. É um apoio indispensável para nos auxiliar na articulação com o Governo do Estado, Sebrae, SEDAP, Sedeme, UFRA, entre outros. Somos um dos maiores produtores e historicamente vinculados a uma farinha diferenciada em todo o território nacional. Só nos falta oficializar esse título”, explicou Geovani.

 

Um dos desafios do processo é descrever o modo de fazer da farinha bragantina. A farinha de Bragança é uma farinha d'água, o que significa que a mandioca passa por um processo de fermentação na água. Neste caso, fica pubando (fermentando), em tanque ou igarapé, por cerca de quatro dias. Depois, é descascada e pode ficar até mais dois dias submersa. Só então é levada, já amolecida, para a casa de farinha, onde é triturada (amassada na mão ou passada em uma máquina chamada de catitu), prensada (em sacos ou no tipiti, espremedor de palha trançada), peneirada e torrada.

 

Além do tempo de fermentação, responsável pelo sabor intenso, outro segredo é a torra: ela vai ainda úmida para o tacho, é mexida manualmente durante o processo chamado de escaldamento, quando ela pré-cozinha antes de torrar – daí a crocância. Já a cor amarelada é decorrente das variedades de mandioca usadas, nada de corantes.

 

“Garantimos o apoio institucional do Sistema para que, do mesmo modo como o cooperativismo em Tomé-Açu articulou a indicação geográfica do cacau no município, consigamos reconhecer esse título indiscutível de Bragança. Não obstante, também viabilizaremos um intercâmbio com as cooperativas até o Acre para conhecermos um modelo de Central a ser replicado no Estado, objetivando fortalecer a produção agropecuária na região”, explicou o presidente Ernandes Raiol.

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