Valdecir Palhares: um dos pioneiros do cooperativismo paraense

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A personalidade austera de Valdecir Manoel Affonso Palhares escondia um amor intenso que conseguia expressar, como ninguém, na luta incansável por tornar o Pará um Estado mais cooperativo. Sua paixão pelo cooperativismo era nítida, legado que ficou marcado na história e deixou discípulos, hoje responsáveis por fazer seus ensinamentos perdurarem. Nesta terça (09), Palhares nos deixou para compor de vez a galeria dos grandes pioneiros do cooperativismo paraense.

 

Palhares foi decisivo para a estruturação dos ramos consumo, habitacional e, em especial, de crédito. Escritor de diversas obras sobre cooperativismo, literaturas paraenses como a Cabanagem, poemas escritos e musicalidade. Paulista natural do município de Bebedouro, mas paraense de coração, aqui morou e estabeleceu família.

 

Na década de 90, funcionários públicos de instituições federais, estaduais e municipais enfrentavam diversas dificuldades nas mãos de agiotas. O cooperativismo foi a solução para o acesso a um crédito mais justo, solidário e aberto muito em função do trabalho desempenhado pelo professor Palhares. Em sua cidade natal, já havia uma grande cooperativa agropecuária chamada CrediCitros. Foi através desse conhecimento que, somado a estudos e pesquisas, começou a se tornar a liderança responsável por transformar o cooperativismo de crédito em uma realidade no Pará.  

 

“Não tínhamos ideia do que era cooperar. Como professor, uma das coisas que mais investiu foi na educação e, através dela, tentava passar para nós mais do que ensinamentos teóricos. Queria que fôssemos, como ele, apaixonados. E, de fato, conseguiu”, enfatizou a antiga diretora financeira e conselheira da Sicoob Central Amazônia, Vera Almeida.

 

Palhares foi um dos fundadores e primeiro presidente da Sicoob Central Amazônia, constituída por cooperativas de crédito no dia 15 de outubro de 1992.  Ocupou a posição ao longo de 18 anos, trazendo o profissionalismo e dinamismo que possibilitaram o momento de expansão das singulares financeiras.

 

“Foi um homem muito voltado para o que fazia, abraçava o cooperativismo com muita garra. Era rígido, mas sempre coerente no que falava. O Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Pará (Sistema OCB/PA) agradece por tudo o que fez, expressando profundo pesar pelo seu falecimento. Comprometemo-nos a ser um agente de perpetuação do legado deixado por Palhares”, afirmou o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol.

 

O falecimento de Palhares ocorreu na madrugada desta terça (09). A família informa que o horário provável de sepultamento é hoje, às 15h.