CataPará apresenta proposta sustentável para resíduos sólidos da RMB

Rede CataPará reuniu representantes de cooperativas, associações e instituições voltadas para a reciclagem.

 

Durante o Grande Encontro de Cooperativas e Associações da Rede CataPará realizado no último dia 27, em Belém, foi apresentada uma proposta para a destinação adequada, ambiental e socialmente correta para os resíduos sólidos da Região Metropolitana de Belém (RBN): a pirólise. Segundo o presidente da Rede, Marcelo Rocha, esse processo engloba as cooperativas e associações no processo de triagem e dá destinação para 100% dos resíduos, solucionando assim o um dos maiores problemas na Metrópole da Amazônia: a poluição causada pelo descarte incorreto realizado atualmente.

 

Devido a vários problemas com o atual aterro sanitário de Marituba, que está em contagem regressiva para o fechamento em maio de 2021, a Rede CataPará se antecipou e convidou gestores públicos, empresas, e organizações do terceiro setor, como o Sistema OCB-PA, para discutir, levantar e apresentar o processo da pirólise, que sob condições de altas temperaturas e quase sem a presença de oxigênio, transforma a decomposição orgânica em fertilizante e biogás.

 

Na década de 1970, W. Sanner afirmou que por meio desse processo é possível extrair vários subprodutos do lixo, por exemplo: em uma tonelada, cerca de onze quilos de sulfato de amônia, 12 litros de alcatrão, 9,5 litros de óleo. Logo, pode ser uma alternativa viável para o atual contexto do aterro de Marituba.

 

“As condições em que hoje tratamos os resíduos sólidos representa um problema real e imediato para toda a nossa sociedade, porque – além da poluição ambiental, dos problemas de saúde, há riscos de explosões por conta do gás metano proveniente da decomposição. Há 50 anos, que essa tecnologia da pirólise existe e que o sistema de aterro sanitário se mostram ineficientes tanto ao meio ambiente quanto para a vida das pessoas como um todo”, explicou Marcelo Rocha, presidente da Rede CataPará.

 

Enquanto a pirólise processo o material orgânico, centros de triagem selecionariam os resíduos com a presença das cooperativas e associações de catadores. Assim, só iria para a pirólise realmente os resíduos orgânicos, otimizando sobremaneira o processo de reciclagem no Estado.

 

 

Cenário

 

No Pará, os dados oficiais do Diagnóstico do Catador de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis do Estado do Pará divulgado em 2015 pela Secretaria de Estado Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda do Pará (Seaster) apontam para a existência de mais de 10 mil pessoas que vivem da catação de materiais recicláveis e reutilizáveis. “Com a pandemia, esse número aumentou muito. A nossa estimativa é que tenha dobrado porque muitas famílias perderam emprego, renda e foram para rua para coletar e manterem a subsistência”, alertou Nádia Luz, diretora da Rede CataPará e presidente da cooperativa de reciclagem COCAVIP.

 

Outro fator preocupante é à marginalidade. “Muitos catadores vivem uma situação social muito preocupante e acabam por se largar nas drogas e no alcoolismo. Isso também reflete na renda deles que, em geral, fica abaixo de um salário mínimo. Precisamos atuar também para prover dignidade para as pessoas que estão nesse mercado, que cuida do meio ambiente e vira renda para milhares de famílias”, completou Maurílio Pereira, também diretor da Rede CataPará e presidente da cooperativa de reciclagem COOPERLIMPA, de Xinguara.

 

A Rede CataPará atua há 5 anos de forma a representar, dialogar e se relacionar com as empresas e poder público em relação às atividades do segmento da economia solidária de cooperativas e associações da reciclagem de materiais reutilizáveis. Atualmente, são 25 instituições de todo o Estado a comporem a Rede.

 

“Uma das nossas preocupações e apoiar essas cooperativas no sentido da estruturação do negócio dentro da maturidade de gestão em que ela se encontra neste momento. Por exemplo, há cooperativas que ainda precisam organizar a operação e há cooperativas que já estão organizando a gestão. São diferentes níveis de negócio, mas que estão ligados pelo mesmo eixo da cooperação e união. E elas estão cientes do seu papel e importância para a vida dos municípios”, enfatiza o presidente do Sistema OCB-PA, Ernandes Raiol.

 

Dentro dessa perspectiva, o Sistema OCB-PA identificou que o Pará possui 10% das cooperativas de reciclagem presentes no Sistema OCB Nacional e que elas estão presentes em 5 das 12 regiões de integração do Estado. Durante os três primeiros meses mais duros da pandemia, 44% dessas cooperativas se mantiveram atuando, 33% reduziram as atividades e 23% paralisaram completamente.

 

Para se ter uma ideia do quanto essa discussão é essencial, em média, cerca de 1.300 toneladas de resíduo são descartados por dia no Aterro de Marituba, com uma média de 40 tonelada por mês. A operação é tão intensa que é necessário o processamento durante 24 horas em 6 dias por semana. Aos domingos, a operação encerra às 16h.

 

“A destinação correta, sustentável, ambiental e socialmente responsável precisa ser levada a sério e ainda mais quando se apresenta com todas essas oportunidades, de trabalho, de renda e – sobretudo – de dignidade para as pessoas. Não queremos ser sustentados. O que nós queremos é poder trabalhar com dignidade. É isso que as cooperativas estão tratando: de dignidade, de cidadania, de vida”, enfatizou Raiol.

Shadow
Slider
  • Seg - Sex | 08h às 12h - 13h às 17h
SISTEMA OCB/PA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.