Há cerca de 10 anos, 17 catadores lutavam para sobreviver nas difíceis condições sanitárias do antigo lixão de Canaã dos Carajás. Hoje, os cooperados da COOLETAR atuam de forma organizada e, agora, renovaram contrato com a Prefeitura Municipal que garante, para além de uma renda média de R$ 2 mil mensais por catador, a possibilidade de realizar o seu trabalho com dignidade.

O documento foi assinado pela prefeita Josemira Gadelha na tarde desta quinta-feira (17). O secretário de Meio Ambiente, Dionísio Coutinho e a presidente da cooperativa, Valéria Pereira, também assinaram o termo. A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (COOLETTAR) é a única a atuar no município. Por essa razão, foi feita contratação direta com dispensa de licitação.

Dentro do plano de trabalho, está previsto que a cooperativa faça a coleta de 16 toneladas de resíduos sólidos por mês, atendendo a 13.740 pessoas de quatro bairros: Jardim Europa (segunda e sexta), Vale do Sossego (terça), Vale dos Sonhos (terça) e Novo Horizonte (segunda e quinta). Há previsão de aumentar os bairros atendidos.

No entanto, apesar das metas previstas no plano de trabalho, a COOLETTAR já retira das ruas de Canaã dos Carajás cerca de 45 a 50 toneladas mensais. Os 17 cooperados alcançam direta e indiretamente praticamente todos os bairros do município, que reúne de cerca de 57 mil pessoas.

Dentro do valor de R$ 422.500,00 por ano, a cooperativa é a responsável por arcar com todos os custos infraestruturais e operacionais do projeto. Os materiais coletados pela cooperativa são: papelão, plástico em geral, livros, metal e alumínio. A maior parte da destinação do material é para empresa de Anápolis, em Goiás. São entregues em torno de 47 a 50 toneladas.

“Isso representa a continuidade do nosso sonho, tanto meu como presidente, quanto de todos cooperados. Lutamos muito para realizá-lo. Antes, atuávamos no antigo lixão de Canaã dos Carajás e, ao longo desses anos, conseguimos essa parceria com a Prefeitura de Canaã que hoje retoma o nosso contrato. Isso garante uma renda fixa todo mês. É algo muito gratificante”, afirmou a presidente da COOLETTAR, Valéria Silva.

Outra atribuição da cooperativa prevista no contrato é o trabalho acerca da educação ambiental, levando o conhecimento para a população sobre práticas de sustentabilidade e responsabilidade com a natureza. Serão feitas campanhas educativas nos bairros, articulando-se com os grupos e associações.

Uma das propostas feitas pela cooperativa à Prefeitura é o incentivo para população que fizer a separação de resíduos de forma correta, por meio de descontos em impostos e taxas como IPTU, conta de água e energia.

Outro projeto a ser executado pela COOLETTAR é a educação ambiental nas escolas públicas do município, promovendo palestras e oficinas com os alunos, conversa com os pais e campanhas que envolvam toda a comunidade. A cooperativa já promoveu uma ação semelhante com o projeto “Mais Uma Latinha”, que premiou os colégios que mais arrecadassem latinhas e garrafas pet.

“Já temos quatro bairros pilotos em que trabalhamos essa educação ambiental. Também utilizaremos outros meios de comunicação por carro-som, espaços em televisão e em rádio. Iremos de porta em porta, conversando com os moradores e conscientizando a população de que ter o cuidado com a natureza é uma questão de necessidade humanitária”, completou Valéria.

Dentro do processo de renovação da parceria da cooperativa, o Sistema OCB/PA auxiliou no contato com a prefeitura municipal. Com a vigência da gestão da nova prefeita, houve uma revisão de todos os antigos contratos firmados pelo município. A assessora jurídica do Sistema OCB/PA, Nelian Rossafa, acompanhou essa revisão, contribuindo na prestação de informações necessárias.

“Ficamos extremamente felizes com a notícia. Realmente, é algo que vem agregar muito para os cooperados, continuando a transformação da realidade de cada um deles. A cooperativa é quem proporcionou essa transformação, provando mais uma vez que o cooperativismo é a melhor alternativa para promovermos o desenvolvimento de todo o nosso Estado”, afirmou o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol.