Pará tem as primeiras cooperativas mirins do Norte

 

Escritores, empresários, jogadores de futebol. Os sonhos das crianças e adolescentes que participam do Espaço Cultural Nossa Biblioteca no Guamá são muitos e, agora, todos esses sonhos serão alimentados pelo espírito empreendedor do cooperativismo. Conhecido por ser um dos mais populosos e violentos da área metropolitana de Belém, o bairro do Guamá é a sede das primeiras cooperativas mirins da Região Norte do Brasil. Nesta quarta (29), os novos cooperados realizaram a Assembleia Geral de Constituição das singulares no auditório da Central Sicoob Unicoob. O projeto tem apoio do Instituto Sicoob, Sicoob Cooesa e Sistema OCB/PA.

 

Foram constituídas duas singulares.  A Cooperativa Flor do Norte é formada por crianças de 8 a 13 anos e o objeto de aprendizagem é a confecção de livros de poemas, parlendas, contos e minicontos. Já a Cooperativa Guamá Primeira do Norte é formada por adolescentes de 14 a 17 anos que irão trabalhar com obras acerca da história do Espaço Cultural Nossa Biblioteca. São cooperativas fictícias com a finalidade de promover o exercício do compromisso, da responsabilidade e da cidadania. Cada cooperado fará uma contribuição anual de R$ 2,00.  Os livros ficarão disponíveis para comercialização e a renda será dividida entre as próprias crianças. Porém, o objetivo principal é a prática do cooperativismo, como um ensino de empreendedorismo.

 

A iniciativa busca dar uma oportunidade de inclusão frente aos altos índices de vulnerabilidade social do Guamá, transformando a realidade de filhos e pais através do cooperativismo.  “Dizem que no nosso bairro há muita criminalidade, que não tem trabalhadores, mas lá tem cultura, tem vida, pessoas do bem. Queremos um futuro bem melhor para todos nós. Não só de empregada doméstica como muitos pensam. Há crianças aqui que querem ser empresárias, jogadores de futebol. Todos esses sonhos são possíveis de realizar, basta acreditar e se esforçar para que se realizem”, afirmou a presidente da Flor do Norte, Maria Niele Soeiro, de 12 anos.

 

Já Leandra Freitas, de 14 anos, é a presidente da Guamá Primeira do Norte. “Passo mais tempo no Espaço do que na minha própria casa e vou continuar durante toda minha vida. Agora, também quero levar o cooperativismo junto. Sei que vamos nos tornar adultos e precisaremos sair da cooperativa mirim, mas pretendo me associar em outra cooperativa quando for adulta. Quero que todo o conhecimento aprendido vá para frente”.

 

 

 

O Espaço Cultural foi a primeira biblioteca comunitária formada no bairro há 40 anos. Através das reivindicações de entidades que lá se reuniam, surgiram ruas urbanizadas, escolas e pronto socorro. Todos os dias são realizadas oficinas de literatura, teatro, mediação de leitura, musicalização, dança, empreendedorismo, entre outras atividades. A ideia surgiu de um processo de articulação com o Instituto Sicoob, sendo também aderido pela cooperativa Sicoob Cooesa. Os mediadores que trabalham no Espaço Cultural receberam um curso de formação sobre o cooperativismo e, posteriormente, foram ministradas palestras e oficinas para as crianças sobre o passo a passo para a organização.

 

“Desde cedo, aprenderão a serem cidadãos que não fiquem dependentes do capitalismo que impera nesse pais, buscando outra forma de esse organizar economicamente. No futuro, buscaremos parceiros para exposição e divulgação desses materiais. Um estante na tradicional Feira do Livro, por exemplo, seria uma ótima oportunidade”, afirmou a professora orientadora, Joana Chagas.

 

Na quarta (29), ocorreu a Assembleia de Constituição, quando se deliberou pela aprovação do estatuto da cooperativa, membros da Diretoria, Conselho de Administração e Conselho Fiscal, quota parte, logomarca e o objeto de aprendizagem.  Prestigiaram o evento o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol, o superintendente Júnior Serra, o Diretor Regional da Central Sicoob Unicoob, Elisberto Torrecillas e a presidente da cooperativa Sicoob Cooesa, Francisca Uchôa.

 

“Temos a obrigação de nos preocupar com o entorno onde as cooperativas funcionam. Também pensamos em preparar nossos futuros sucessores. Juntando nossa preocupação com o desenvolvimento da sociedade, aderimos à ideia das singulares mirins, vislumbrando que eles ditem futuramente as normas do cooperativismo e continuem essa história”, afirmou Francisca.

 

Na oportunidade, também foram premiados os criadores das logos de identificação das cooperativas. De acordo o Presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol, o objetivo é estender a iniciativa para outros municípios como Castanhal e Marituba. “Estamos trabalhando em parceria com o Sistema Sicoob para implementar essas metas. O resultado até aqui já é bastante satisfatório. Vimos o interesse e o engajamento os quais as crianças estão depositando neste projeto para fazê-lo dar certo. Teremos resultados imediatos na formação de seres humanos com os ideais cooperativistas, assim como, posteriormente, colheremos os frutos de uma sociedade organizada no modelo econômico que visa o social antes mesmo do capital”.

 

 

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