Em parceria com o empresário João Hermeto e a UFRJ, foram realizados testes que identificaram o potencial gastronômico do Óleo de Tucumã
O famoso Bobó de Camarão da rede ASA Açaí, do Rio de Janeiro, traz na sua preparação o gosto e a marca da Amazônia. O prato é um dos cardápios da rede de restaurantes que utiliza os produtos da cooperativa D’Irituia. Um dos ingredientes é o Tucumã, fruto que foi utilizado em teste gastronômico feito pelo restaurante e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Tucumã possui alto teor de vitaminas A, B e C. Sendo um dos principais produtos da cooperativa D’Irituia, buscou-se identificar o potencial do óleo extraído do fruto para fins gastronômicos.
Para a realização do teste, a cooperativa D’Irituia enviou o Tucumã congelado para a análise em laboratório. “Após a extração do óleo do fruto, as análises identificaram resultados magníficos, apresentando grau de acidez e peróxidos muito bons, abaixo dos exigentes padrões determinados pela Anvisa, tendo então, condições ideais para o consumo”, explica João Hermeto.
Além do Bobó de Camarão, João também explica que o óleo está sendo utilizado eventualmente como substituto ao óleo de dendê. “Além disso, a gente pode utilizar o óleo nos momentos iniciais de preparo para refogar os pratos. Ao finalizar também adicionamos um pouco de óleo com fogo baixo para dar um sabor bacana”, conta.
A cooperativa D’Irituia e João Hermeto são grandes parceiros. Além do fornecimento do Tucumã, a cooperativa também comercializa produtos como a farinha d'água, a farinha de tapioca, a goma de tapioca, o cupuaçu, a castanha do Pará e o Jambu para restaurantes como o restaurante Aprazível, no Rio de Janeiro.
Atualmente, a cooperativa D’Irituia está com um projeto para o desenvolvimento de uma usina de extração de óleo. Já aprovado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME), o projeto aguarda a possibilidade de financiamento via crédito do produtor, do BanPará.
“A escolha pela análise do óleo do Tucumã se deu principalmente pela grande oferta do fruto pela cooperativa D’Irituia, além da qualidade sensorial do fruto, que é semelhante ao azeite de dendê, muito consumido aqui no Rio. Então, a gente optou por iniciar com o Tucumã por ele ser mais acessível, mas a nossa ideia é expandir para outros bioativos como o óleo de açaí, óleo de bacaba, óleo de patauá e o óleo de buriti, assim que a usina de extração da cooperativa estiver pronta. Dessa forma, temos o grande objetivo de criar uma linha de óleos amazônicos com alto valor nutritivo e potencial gastronômico” expõe João Hermeto.
O planejamento de construção da agroindústria integra, além do beneficiamento de óleos, as casas de farinha e mel, assim como beneficiamento de polpas. Em 2012, a D’Irituia adquiriu a área para construção do complexo industrial. A cooperativa também pretende utilizar o espaço como um ambiente educacional e de empreendedorismo para alunos, estudantes e professores.
A COOPERATIVA D’IRITUIA
Com dez anos de fundação, a D’Irituia reuniu 20 produtores familiares que não eram atendidos por políticas de âmbito federal, municipal ou estadual para que juntos constituíssem uma organização comercial mais competitiva. Hoje, já são 42 cooperados, sendo 23 mulheres.
“Nossos principais produtos são as oleaginosas, como o Tucumã, a Ucuuba, o Mucajá e a Castanha-do-pará. Além disso, a cooperativa também trabalha com cadeias produtivas da mandioca, de hortaliças, de produtos de origem animal e de Sistemas Agroflorestais (SAFs), com ênfase nas frutíferas. As oleaginosas já são comercializadas com empresas como Natura e Amazon Oil”, afirmou o cooperado da D’Irituia, José Romano.
A região de Irituia apresenta grande potencial no tucumã com uma produção anual de mais de 40 toneladas e uma produção de óleo de mais de mil litros; o piquiá, 249 toneladas e mais de 19 mil litros de óleo.
“Nosso sonho é ter a usina de extração de óleo, evoluir economicamente e avançar na conscientização sobre o cuidado com o meio ambiente. É um sonho de muitas pessoas, muitas famílias que tentam trabalhar para que tenhamos dias melhores. Vamos continuar o contato com as instituições e dar prosseguimento ao processo de acesso ao crédito”, comentou o presidente da D’Irituia, Lázaro Lima.
Para o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol, o avanço representará um exemplo para as demais cooperativas. “Temos trabalhado neste sentido, de proporcionar um ambiente adequado para o desenvolvimento da agricultura familiar, que representa responsabilidade social e ambiental ao reunir pequenos produtores e disseminar práticas sustentáveis de produção”.