Outra oportunidade comercial identificada pela comitiva espanhola que visitou o Pará durante a última semana foi o mercado da cacauicultura. O Estado é o maior produtor do Brasil e Tomé-Açu possui selo de identificação geográfica, que atesta a procedência e agrega valor ao produto. Será iniciado contato comercial com fábrica de chocolate da Espanha que possui, como característica, buscar diferenciais produtivos de origem e qualidade.
A fábrica de chocolate Valor fica localizada em Villa Joyosa, distante 30km de Alicante na Espanha. Possui faturamento de 100 milhões de euros por ano. É a número um em produção de chocolate sem leite na Europa e a primeira da Espanha no segmento.
Em um mercado altamente competitivo, com predominância de marcas suíças e francesas, a Fábrica tem avançado com base na busca contínua pela qualidade, sobretudo pela manteiga do cacau. Atualmente já exporta o fruto do Equador, Brasil e Gana a partir da bolsa de Londres.
A Fábrica faz tanto o tratamento do cacau quanto a produção do chocolate. Diferente das demais empresas que já compram a matéria-prima pronta, a Valor compra a amêndoa e produz a manteiga de cacau e o licor que são a base de produção do chocolate. Essa é a fórmula secreta para um produto com aroma e textura diferenciados.
A linha de produtos com leite são tabletes de chocolate e chocolate com amêndoas e avelã. Já os chocolates sem açúcar possuem como carro-chefe os bombons de chocolates, que os faz ocupar o terceiro lugar em produção na Espanha. Também produzem chocolate em pó, que possui um alto consumo na Europa. Substituíram o açúcar pela stevia, que possui sabor semelhante ao ingrediente.
Recentemente, a empresa também comprou a fábrica de chocolate portuguesa Impéria, a segunda marca de Portugal. O objetivo é expandir para o país, que possui características semelhantes à Espanha e está ampliando o consumo de chocolate sem leite.
"Eu creio que tem uma boa abertura, iremos conversar sobre as possibilidades de relações comerciais sérias e com qualidade. Podem utilizar o apelo da sustentabilidade de um produto produzido na Amazônia. Pode ser muito interessante. Somos todos cooperativistas, trabalhamos juntos por um só objetivo: melhorar qualidade de vida do agricultor", afirmou o diretor de desenvolvimento e inovação da cooperativa Callosa d'en Sarria, Esteban Soler, que também possui laços familiares com os sócios da fábrica.
Dos 4 milhões de pés de cacau que Tomé-Açu possui, 1 milhão de pés são de cooperados da CAMTA. São exportadas cerca de 500 toneladas por ano para o Japão. A cooperativa foi a primeira a fazer venda de carbono, em 2021. Já possui um milhão de cacaucaueiros monitorados via satélite.
A intenção é iniciar contatos comerciais para exportação do cacau. Esteban fará a articulação com os sócios e posteriormente será feito envio de remessa com cacau para amostra. Em novembro, a equipe comercial da CAMTA irá na Espanha para conversa presencial.
“Ficamos muito felizes com o resultado da visita e creio que foi apenas um primeiro passo. Continuaremos dando o apoio necessário para criar esse ambiente de negócios propícios para as cooperativas”, afirmou o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol.