Grande parte dos produtos lácteos comercializados regionalmente vem de fora do Estado, uma grande oportunidade de crescimento para os produtores locais que a COOPAGRO de Bom Jesus busca aproveitar. Na última sexta (20), o Sistema OCB/PA apresentou, por meio da empresa Alimento Seguro, estudo de viabilidade para a verticalização da produção leiteira. Identificou-se como alternativa mais estratégica a terceirização para que um laticínio regional faça o beneficiamento do leite produzido pelos cooperados da COOPAGRO.
A intenção é agregar valor ao leite, utilizando a planta de uma indústria da região e comercializando o produto, reduzindo custos com aquisição e construção do laticínio e tornando a cooperativa mais competitiva.
O objetivo é iniciar com a produção e comercialização do queijo mussarela. Para implantar um pequeno laticínio, em geral, é preciso um investimento de no mínimo R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões. O estudo avaliou que, com a terceirização do beneficiamento, a cooperativa precisaria fazer um investimento de R$ 400mil a R$ 600 mil apenas com o custo de capital de giro, incluindo a compra do leite, frete, fabricação e aluguel de tanque de resfriamento.
A entrega do estudo foi feita em reunião na sede da Câmara Municipal de Bom Jesus do Tocantins, com a participação dos cooperados, Sistema OCB/PA, Associação Amigos do Leite e das cooperativas COOPERV, COOPAIG e SICREDI Sudoeste MT/PA. A apresentação foi feita pelo CEO da empresa de consultoria Alimento Seguro, Alberto Anders.
"Apostamos na cooperativa como uma alternativa para deslanchar a atividade leiteira no Estado, que tem sofrido com muita sazonalidade. Também tivemos a participação nesse evento de outras cooperativas de Marabá e Parauapebas para entender esse movimento e creio que, juntas, poderão fortalecer essa cadeia produtiva. O Cooperativismo é a ferramenta que vai impulsionar o desenvolvimento do nosso Estado", afirmou o superintendente do Sistema OCB/PA.
Além de oferecer um preço melhor de compra para o cooperado, o projeto também garante um melhor controle de preço com a oscilação do mercado do leite, não ficando dependente dos laticínios que hoje o compram. O Laticínio Via Leite, que está negociando a parceria com a COOPAGRO para fazer esse beneficiamento, possui capacidade industrial de 70 mil litros de leite por dia. Já produz vários produtos derivados. Apos a apresentação, a diretoria da cooperativa dará continuidade à negociação com a empresa para poder efetivar a operação.
No estudo, foi feito o levantamento do custo operacional da rota do leite, identificando onde estão os produtores e o custo para fazer a coleta. No total, será feito um percurso de 300 km de trecho para fazer a coleta do leite de 25 produtores. A cooperativa possui uma capacidade produtiva de 5660 litros por dia. Um pequeno laticínio, em regra, precisa de 5 mil litros para começar a operar.
Também foi feita pesquisa de preço do mercado do queijo mussarela, constatando-se uma média de R$ 27,21 por quilo. Dentro da estratégia estudada, definiu-se um preço mínimo do leite de R$ 2,10 por litro para o cooperado, garantindo um valor melhor do que o oferecido pelo mercado. Aos cooperados que investirem na aquisição de tanque para acondicionar o leite, o valor pode chegar a R$ 2,13.
No total, a COOPAGRO produz 169 mil litros por mês e mais de 2 milhões de litros de leite por ano. Com a verticalização, o valor em recurso a ser movimentado pela cooperativa com a aquisição do leite seria de R$ 11 mil por dia e mais de R$ 4 milhões por ano. O faturamento diário previsto seria de R$ 870 por dia e R$ 5 milhões por ano, com preço unitário de venda de R$ 29, tendo um custo de produção de R$ 24,89.
"Agradecemos o apoio do Sistema OCB/PA que promoveu esse estudo para nossa cooperativa e tem sido um parceiro sempre presente. Iremos voltar a negociação com o laticínio e alinhar com todos os nossos cooperados para iniciarmos a execução desse projeto. Tenho certeza que trará resultados muito positivos para toda a região", afirmou o presidente da COOPAGRO, Leandro.