Novos mercados para a agricultura familiar são tema de doutorado

 

 

O escoamento da produção é um dos principais gargalos para 38% das cooperativas agropecuárias no Pará, de acordo com o Diagnóstico do Cooperativismo 2018. A solução, conforme pesquisa de doutorado desenvolvida pela Universidade de Alicante (ESP) e pela Unama (BR), é produzir alimentos de forma inovadora e promover o desenvolvimento das organizações locais através do diálogo com o poder público. A administradora Rosinele Oliveira é a autora do projeto.

 

A pesquisa “Capacidades Intra e Interorganizacionais das Organizações Locais para a consecução de Políticas Públicas de Alimentação Escolar” está em processo de execução e analisa dados no Brasil e na Espanha referentes ao ambiente de ação, às redes de tarefa, processo organizacional e recursos humanos.

 

Segundo a pesquisadora, a agricultura familiar se configura no Brasil de forma dependente de políticas públicas e os produtores rurais se organizam em cooperativas na maioria das vezes para atender o Estado. “Apesar da luta pela conquista de direitos ao segmento da agricultura familiar, o meio rural brasileiro vive um momento de crise. O cenário é desafiador e, nessa perspectiva, é indispensável um diálogo mais estreito entre a agricultura familiar - por meio de suas entidades representativas - e a sociedade urbana e consumidores”, explica.

 

Já na Espanha, as cooperativas possuem uma certa independência de políticas públicas. Participam, mas é apenas uma das vias de escoamento da produção. “Se a agricultura familiar local souber mostrar para os consumidores o potencial que tem em termos de promoção de uma alimentação saudável – embora o cenário não seja positivo, fruto de mudanças econômicas e políticas, será possível construir alianças para além do Estado e gerar mais possibilidades de reprodução social e fortalecimento”.

 

 

As diferenças encontradas pela pesquisadora entre os processos no Brasil e na Espanha apontam que a agricultura familiar pode ganhar impulso no país seguindo o caminho europeu. O programa da Política Agrária Comum da União Europeia (PAC) estimula uma alimentação saudável desde a infância, os agricultores se organizam em cooperativas e a renda é proporcional às suas entregas, considerando quantidade e qualidade dos produtos.

 

No Pará
O movimento cooperativista no Estado é relativamente recente. Apesar de a primeira cooperativa ter completado 90 anos de atuação, o segmento tem passado por reformulações e investimentos nos últimos 10 anos e se mostra cada vez mais viável, tanto em âmbito social, quanto no econômico. Dados do Diagnóstico do Cooperativismo, publicado pelo Sistema OCB/PA, apontam um crescimento de mais de 40% do número de pessoas a se unirem em cooperativas, sendo o agropecuário o 2º maior em número de cooperativas, com 62 empreendimentos.

 

“Ficamos muito felizes em ver o interesse de pesquisadores, como Rosinele Oliveira, que ao produzirem conhecimento, nos ajudam a fortalecer, valorizar e incentivar tanto o cooperativismo quanto a produção de conhecimento acerca do nosso segmento. Isso é muito importante para um desenvolvimento sólido, viável e sustentável em todos os aspectos”, ratifica Júnior Serra, superintendente do Sistema OCB/PA.

 

Texto: Jonathan Coimbra

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