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Intercâmbio entre COOPRIMA e Mulheres de Barro fortalece artesanato feminino no Pará
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A cooperação entre mulheres artesãs do Pará ganhou um novo marco quando a Cooperativa de Produção de Artesanato Mineral da Amazônia (COOPRIMA) realizou em Parauapebas um intercâmbio com a Cooperativa Mulheres de Barro. Com o apoio logístico e técnico do Sistema OCB/PA, o encontro nasceu durante a 5ª FENCOOP, quando as cooperadas se conheceram, e marcou o início de uma importante troca de conhecimentos sobre identidade cultural, técnicas cerâmicas e valorização do artesanato feminino. Seis cooperadas da COOPRIMA participaram da programação, que incluiu oficinas sobre o histórico da Mulheres de Barro, sua produção e a identidade cultural gravada nas peças de barro inspiradas em achados arqueológicos da região de Carajás.
A trajetória das Mulheres de Barro
Sandra Santos, presidente da Cooperativa Mulheres de Barro, lembrou a origem da iniciativa e destacou o diferencial do trabalho desenvolvido em Parauapebas. “A história começou com o desafio das mulheres criarem uma identidade para o artesanato municipal. A partir de um processo de educação patrimonial ligado à Mina do Salobo, aprendemos a fazer cerâmica com identidade, aplicando grafismos de povos tupi-guaranis que viveram há cerca de seis mil anos. Nosso diferencial é empoderar mulheres por meio da arte, gerando pertencimento ao território e renda para as famílias”.
Sobre o intercâmbio, Sandra resumiu em uma frase: “Mulheres apoiando mulheres para o fortalecimento da cultura brasileira”. Ela também ressaltou o apoio recebido do Sistema OCB/PA. “Com formações para aprimoramento da autogestão e oportunidade de difusão do nosso artesanato, o Sistema OCB/PA tem nos fortalecido e dado visibilidade. Isso amplia o alcance da nossa cerâmica Tapirapé-Aquiri, que hoje é símbolo da identidade cultural de Parauapebas”.
Para Sandra, a intercooperação acelera o crescimento. “O intercâmbio corta caminho, aprimora ideias e acelera processos. Mulheres de Barro começou por meio de um intercâmbio, e hoje estamos felizes em poder inspirar e compartilhar com outras mulheres”.
O olhar da COOPRIMA
Deisiane Morais Collere, secretária do comitê feminino da COOPRIMA e artesã, destacou a importância do apoio institucional do Sistema OCB/PA. “A avaliação feita de acordo com esse intercâmbio foi de grande importância no que tange o referencial de organização e apoio, pois a organização vem se dando desde o primeiro contato que nós tivemos com a Mulheres de Barro. Eu percebo através da OCB/PA esse envolvimento e essa responsabilidade de atuar em meio à visibilidade feminina, ao empreendedorismo social, ao cooperativismo, unindo capacitações, unindo pessoas e unindo as cooperativas dentro do mesmo Estado. Isso foi totalmente enriquecedor e muito salutar”.
Ela também contou como surgiu a COOPRIMA, durante a Feira de Negócios do Cooperativismo (FENCOOP). “A ideia surgiu quando eu convidei a nossa presidente, Joelma, a conhecer o estande das Mulheres de Barro. Falei do projeto, do que poderia vir a ser, e ela falou que poderia conversar com a OCB para dar esse apoio”.
Sobre os aprendizados trazidos de Parauapebas, Deisiane reforçou que querem aplicá-los em sua região. “Quanto à aplicação das nossas ações sobre atuação cultural diante da nossa região de Caeté, vamos replicar e repassar a outras cooperadas, através de oficinas locais e do artesanato, cada vez mais capacitando pessoas — mulheres, rapazes e senhores. Agora elas entenderam melhor o que é o sentimento e a apresentação de pertencimento, como as Mulheres de Barro têm em relação a Carajás, e nós teremos sobre a nossa região de Caeté”.
Por fim, ela destacou os próximos passos para a cooperativa depois dessa experiência. “Novos intercâmbios. Porque quando se sobe um degrau, desejamos e queremos novas parcerias, novos intercâmbios. Então, vamos pôr em prática esse andamento: OCB/PA, COOPRIMA e Mulheres de Barro, que já deixou as suas portas abertas para a gente. Temos outras promessas, sim, de podermos conhecer como é o Nordeste, que é algo tão próximo do que a gente tem, para subirmos mais um degrau de qualificação. Assim, esse retorno de reconhecimento das peças será como peças de referência para a nossa COOPRIMA, para a nossa Caeté e que dê a resposta positiva para o nosso Estado do Pará”.
Fortalecendo a cooperação
O intercâmbio entre COOPRIMA e Mulheres de Barro mostra, na prática, como o cooperativismo conecta histórias, valoriza a cultura local e gera novas oportunidades. Com o apoio do Sistema OCB/PA, as cooperativas femininas seguem fortalecendo sua atuação e ampliando o protagonismo das mulheres no artesanato paraense.
O presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol, comentou também sobre a importância desse intercâmbio e da intercooperação que foi realizada nele. "Esse intercâmbio simboliza a força da intercooperação no Pará. Ver cooperativas de diferentes regiões, como a COOPRIMA e a Mulheres de Barro, trocando experiências e fortalecendo sua produção é a prova de que o cooperativismo vai além da geração de renda, ele preserva culturas, promove inclusão e cria oportunidades. Para nós, do Sistema OCB/PA, é motivo de orgulho apoiar ações que valorizam a identidade cultural e o protagonismo feminino, construindo um cooperativismo cada vez mais forte e representativo no nosso Estado", concluiu.