A pandemia do Covid-19 impactou todos os setores da economia, mas, para alguns, a fonte de renda imediata foi retirada, comprometendo o mínimo para a subsistência. Por isso, a campanha Dia de Cooperar está arrecadando fundos para aquisição de cestas básicas e itens de higienização para cooperativas em maior vulnerabilidade em todo o Estado. As doações poderão ser feitas em pontos específicos ou por meio de transferência bancária.
O lançamento oficial ocorreu na última quarta (20), em live pelo instagram do Sistema OCB/PA. Devido às medidas de restrição, toda a campanha precisou ser remodelada para seguir o formato virtual As doações podem ser feitas diretamente com os itens das cestas básicas ou materiais de higienização nos pontos de coleta que serão divulgados posteriormente.
As doações também podem ser feitas em dinheiro por meio de transferência bancária, que será revestido na compra desses itens. Instituição financeira: Banco Cooperativo do Brasil - 756 Sicoob Cooesa; Agência 4169, Conta Corrente 7.263-0. A campanha seguirá até o dia 04 de julho, quando ocorre a celebração do Dia Internacional do Cooperativismo.
“O Dia C em 2020 terá um formato diferente, mas o princípio continua o mesmo. A cooperação, mais do que nunca, é a saída para superarmos este momento delicado. Por isso, a campanha irá auxiliar as cooperativas em necessidades básicas e urgentes provocadas pela pandemia”, explicou a coordenadora da campanha Dia C, Flávia Gil.
Em Belém, a sede do Sistema OCB/PA ficará disponível para receber as doações após a liberação do lock down. Ainda haverá espaços para recebimento dos itens em Paragominas, Santarém e Parauapebas.
Para identificar quais cooperativas estão em níveis mais delicados de continuidade, a equipe técnica fez um levantamento de cenário do cooperativismo paraense. Um dos segmentos mais comprometidos foi o da reciclagem, que, apesar de permanecerem com a coleta dos resíduos, tiveram uma queda significativa na sua atividade. A Concaves, por exemplo, que atua na coleta seletiva em Belém, recebia em seu galpão cerca de 90 toneladas de materiais reaproveitáveis. Em abril, só 58 toneladas. Também houve perdas de materiais coletados em muitas empresas devido a paralisação.
“Muitos pararam de trabalhar, algumas famílias ficaram sem sustento e há catadores vivendo só de doações. Sei que todos estão encontrando essas dificuldades, mas nós que trabalhamos na rua enfrentamos ainda mais. Com o isolamento total, as pessoas têm se afastado, com medo”, explicou a presidente da Concaves, Débora Baía.
Somente neste segmento, foram identificados mais de 200 cooperados atuantes em 10 cooperativas vinculadas ao Sistema OCB-PA nos municípios de Belém, Santarém, Paragominas, Vigia, Castanhal, Xinguara e Ananindeua. Também foram identificadas outras cooperativas em necessidades urgentes nos ramos da agricultura familiar e transporte. São centenas de famílias que dependem dos recursos dessas cooperativas para a sua sobrevivência.
“É um número significativo de pessoas e tentaremos beneficiar o máximo possível. Para isso, contamos com a cooperação do povo paraense em todos os municípios, principalmente das cooperativas que possuem condições de ajudar no momento. Não há dúvidas que a intercooperação é o que nos fará sair desta situação delicada. Todos juntos cooperando contra a Covid-19”, reiterou o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol.
Diversas cooperativas do ramo agropecuário já estão realizando ações que estão enquadradas no perfil da campanha. A Coomflona, por exemplo, doou cerca de 2 mil cestas agroecológicas a famílias em condição de vulnerabilidade social na região oeste do Pará. Já a CAMTA entregou 3 mil toneladas de alimentos para instituições sociais amparadas pelo Governo do Estado.
Outro exemplo foi a Cooperuraim, que distribuiu mais de 300 kits com produtos da agricultura familiar nas comunidades de Aragão e Ouro Preto, no município de Paragominas. Todas as cooperativas que já estão desenvolvendo essas iniciativas devem cadastrar seus projeto no site do Dia De Cooperar: http://diac.somoscooperativismo.coop.br/.
O DIA C
O movimento nacional teve um ponto de partida em 2009, quando o Sistema OCB em Minas Gerais realizou o projeto inovador, desenvolvendo ações de responsabilidade social. O sucesso se tornou um projeto nacional a partir de 2013 com a realização em vários Estados. Em 2019, já são cerca de 1,5 mil cooperativas participantes, beneficiando mais de 2 milhões de pessoas por edição com o trabalho de quase 122 mil voluntários.
Serviço: As doações podem ser feitas nos pontos de coleta que serão divulgados posteriormente ou pela conta corrente 7263-0 / Agência 4169 (Sicoob Cooesa – Banco Cooperativo do Brasil - 756). Para mais informações: 94 99183-9167.
Cerca de 2 mil cestas agroecológicas serão entregues a famílias em condição de vulnerabilidade social na região oeste do Pará. A ação é de iniciativa da Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona) e visa minimizar os impactos da pandemia de covid-19 a ribeirinhos, agroextrativistas, indígenas e assentados da reforma agrária do território da Floresta Nacional do Tapajós e entorno.
“A importância da ação é contribuir, neste momento em que todo mundo está passando por dificuldade de acessar alimentos e empregos e que há falta de renda e de acesso ao mercado. A cooperativa dá sua parcela de contribuição, trazendo as cestas e fazendo orientações de como se prevenir, orientando as pessoas a permanecerem em casa, para que não tenham perdas maiores por conta da pandemia e para que a própria doença não venha a se expandir na região”, enfatiza o coordenador do projeto e colaborador da Coomflona, Angelo Chaves.
A iniciativa utiliza a produção de 225 agricultores que fazem parte da Coomflona e, também, da CCampo, promovendo a intercooperação e garantindo a comercialização da produção familiar, outro setor bastante afetado pela crise. As cestas são compostas por arroz, feijão, farinha, açúcar, farinha de tapioca, tubérculos frutas da época, hortaliças, castanha da Amazônia e piracuí, além de kit de higiene e limpeza.
“Compramos mais de 20 toneladas de mercadorias da CCampo, movimentando com eles uma economia de cerca de R$ 60 mil para atender as cestas. Essa integração do cooperativismo é muito importante: a cooperativa ajudando outra cooperativa momento”, destaca o coordenador do projeto.
Diversas ações de distribuição de cestas estão programadas e acontecerão nos municípios Belterra, Santarém, Aveiro, Rurópolis e Mojuí dos Campos, com expectativa de atendimento a mil famílias em vulnerabilidade social. A ação beneficiará cada família com duas cestas entregues em etapas diferentes.
O projeto tem o apoio do Banco do Brasil e da cooperativa de crédito Cooperforte, que destinaram recursos à Fundação Banco do Brasil para ações de assistência social, prevenção e combate a pandemia de Covid-19.
A Cooperativa
A Coomflona, fundada em 2005, possui 198 cooperados comunitários e moradores da Flona, e desenvolve atividades relacionadas, principalmente, com o manejo florestal comunitário e sustentável, em uma área de 82 mil hectares concedida pelo governo federal através do ICMBio. Móveis, óleos de andiroba e copaíba, polpas de fruta e madeira em tora são algumas das mercadorias produzidas e comercializadas pela cooperativa.
“A Coomflona nasceu da luta dos comunitário da Floresta Nacional do Tapajós com o objetivo de fazer o manejo dos recursos naturais da unidade de conservação, sempre com o objetivo de valorizar a questão social e ambiental. Nesse momento, um desses pilares que estamos buscando é sustentar, fazer a ação social, valorizando as pessoas, valorizando o povo, dando mais tranquilidade e segurança, buscando sempre fortalecer a questão social do município e de seu território”, finaliza Angelo Chaves.
As ações conjuntas entre a Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará e a Polícia Militar para garantir o cumprimento das atividades do ramo transporte durante a pandemia foram destaque no Jornal Diário do Pará. As cooperativas e demais empresas que atuam no segmento intermunicipal, seguindo as recomendações sanitárias, têm continuado suas atividades.
A ação da Coomflona para beneficiar comunidades ribeirinhas e os impactos da pandemia nas cooperativas de catadores também foram notícias.
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Equilíbrio financeiro e segurança jurídica são alguns dos benefícios gerados pelo projeto de incubação das cooperativas, promovido pelo Sistema OCB/PA. Em funcionamento desde agosto de 2019, o Incubcoop vem auxiliando as singulares com menor porte financeiro em suas obrigações fiscais, contábeis, societárias e trabalhistas.
Atualmente, o Projeto possui 3 cooperativas incubadas: A Coopasmig e Coapemi atuantes na Agricultura familiar e a ÚNICA, singular do ramo trabalho formada por profissionais das áreas de agrárias. Além das questões fiscais, contábeis e societárias, o projeto também oferece assessoramento das questões trabalhistas para as cooperativas com funcionários.
Também há singulares em processo de inclusão no projeto. São três da agricultura familiar, localizadas em Marabá, Santa Bárbara e em São Miguel do Guamá; Uma de reciclagem em Castanhal formada exclusivamente por mulheres; Uma singular de geração de energia renovável, em Belém, e uma de extrativistas em Chaves, no Marajó. Todas estão em fase de abertura, mas o processo está travado por conta do momento de pandemia.
As dificuldades encontradas nas cooperativas, em geral, eram as mesmas, em virtude da falta de especialidade técnica para contabilidade no segmento que difere dos demais. Algumas não tinham declarações básicas para escrituração dos fatos contábeis, da movimentação financeira, registro das peças contábeis como balanço patrimonial, demonstração das perdas e sobras do exercício, assim como não havia ocorrido o envio para a Receita Federal. O débito de declarações, em alguns casos, chegava a cincos anos de atraso.
“Iniciamos o atendimento em agosto e, em algumas, não havia nada escriturado em todo o semestre. Então tivemos de retroagir toda escrituração contábil do ano. Não havia nada registrado e, se registraram, não o fizeram nos órgãos competentes, logo sem legitimidade. Fizemos esse trabalho retroativo sem cobranças adicionais. Eram problemas graves que, se continuassem, diminuiria a perspectiva de vida financeira”, explicou o coordenador do Incubcoop, Fabiano Oliveira.
Além da assessoria contábil, o Projeto fomenta a construção de uma cultura organizacional alinhada em eixos indispensáveis para a gestão. No dia 28 de janeiro, foi organizado o curso Controle Financeiro para Cooperativas da Agricultura Familiar, com participação da Coopasmig, Coapemi e outros cooperativas convidadas. Tratou-se sobre as peculiaridades das sociedades cooperativas, a necessidade de controles financeiros, a legislação pertinente, tipos de controles e sua importância para a transparência da gestão.
“Não basta só cuidar da contabilidade, isso é o básico. É interessante trabalhar dentro das organizações de forma que possam compreender o que é realmente uma cooperativa, ter controles internos, principalmente financeiro e administrativo”, reiterou Fabiano.
O cenário econômico do país também está sendo avaliado pelo Sistema OCB/PA para a continuidade do trabalho desenvolvido junto às cooperativas. A perspectiva é de desaquecimento com fechamento de postos de trabalho, desemprego e consequente diminuição do poder de consumo.
A orientação do Incubcoop tem sido a manutenção das obrigações legais para se evitar multas, alinhando os ajustes necessário que devem ser feitos e utilizando as vantagens fiscais e trabalhistas oferecidas pelo Governo, como a postergação de tributos e possiblidade de redução de salários para quem possui funcionários.
O INCUBCOOP
O foco são cooperativas com baixo rendimento financeiro e que, em geral, estejam atuantes nos ramos da agricultura familiar, produção de bens e serviços (catadores de resíduos sólidos), mineral e transporte. O Incubcoop auxilia em todo o processo administrativo e contábil a um preço de custo que varia de acordo com cada cooperativa.
“Hoje já caminhamos para um nível de maturidade e organização maior, mais transparência para os cooperados sobre o que entrou, como entrou. A desorganização atrapalhava bastante. Já conseguimos ter controle financeiro maior, planilhas, recibos, nota de entrada, nota de saída. São detalhes que a gente pensa que não tem importância, mas fazem toda a diferença na gestão”, reiterou a presidente da COOPASMIG, Maria Santos.
Para participar, a singular deve estar registrada e regularizada na OCB/PA. Também deve receber a aplicação das ferramentas de monitoramento do SESCOOP/PA, como o Programa de Acompanhamento da Governança Cooperativa (PAGC). Gera-se uma avaliação de desempenho do negócio, identificando as demandas de melhoria necessárias que serão trabalhadas pelo Incubcoop.
As cooperativas estão passando por vários processos de adaptação que vieram com as exigências de isolamento social. Um deles é sobre a realização das suas Assembleias Gerais Ordinárias (AGO), que a partir deste ano poderão acontecer no formato semipresencial e em ambiente virtual. E esse é o tema do quarto e-book da série “Inovação na Crise”.
Em uma situação “normal”, as AGOs acontecem anualmente, até o final do mês de março para as cooperativas no geral, ou até o final de abril para as cooperativas de crédito. Este ano, devido à pandemia, as assembleias poderão ser realizadas até o final do mês de julho. Além disso, também foi regulamentada recentemente a possibilidade de promover esse tipo de reunião on-line, por meio de aplicativo próprio para isso.
Com o título “Como realizar assembleias digitais”, o nosso novo guia traz informações sobre legislação, o passo a passo para organizar as reuniões virtualmente e qual plataforma é mais indicada para sua realização.
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Nossa série – “Inovação na Crise”
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